quarta-feira, setembro 27, 2006

O céu será assim, pintado na tela da minha mente...
“E foi assim. Algo sem significado. Sem existência. Como se se encontrassem em outro plano, outra esfera. Um mundo esquisito. Ela o olhou e não viu seus olhos. Fechou os seus e não conseguiu imaginar seu rosto. Era desprovido de alma?
Mas a voz ressoava. Mesmo com qualquer vento.A mistura do gostar e do não gostar. O gosto do gostar não encontrava sentido. Mas os sentidos, esses sim, sabiam exatamente do que se tratava.
E como todas as coisas sem sentido, acabou, porque nunca existiu.”

terça-feira, setembro 26, 2006

“Precisava mudar alguma coisa em sua vida. Fazer uma revolução. Não agüentava mais.
Mudou os móveis de lugar.”

O cocô do poodle e o efeito borboleta

Ontem, voltando para casa, presenciei uma cena que, por ser tão comum, não devia me chocar, mas chocou. Um moço, dos seus 30 e poucos anos, andava calmamente pela calçada enquanto seu poodle ia serelepe à sua frente. De repente o poodle abaixou sua traseira e Ploft! Fez cocô na calçada. Poodle já não me agrada muito, imagina então um poodle pelado de pompom no rabo fazendo suas necessidades no meu caminho.
O dono do cão não se incomodou nem um pouco. Provavelmente estava ali para isso mesmo: levar o cachorro para fazer xixi e cocô. Não trazia nem uma pázinha, nem um lixinho consigo. Continuou andando, quase orgulhoso do bichano.

Pensei então em como tá faltando respeito e educação no mundo. A falta de cuidado com o patrimônio público é só uma pequena amostra. Isso porque nem estou falando de vândalos. As pessoas são tão individualistas que nem se quer passa por suas cabeças que suas ações ou a falta delas têm alguma influência e relevância no mundo. Não pensam nos outros.
Não dizem “obrigado”, nem “por favor”. Não se preocupam. Não são capazes de tomar nenhuma atitude sem que isso os beneficie diretamente e imediatamente. “Fodam-se” é o que pensam. Se é que pensam.
Destaque para a corrupção. Ser honesto é ser bobo, afinal desvio de verba pública está sendo considerado aceitável. É até “compreensível” que se queira levar vantagens. O que é um desviozinho de verba de merenda escolar? Luta contra a obesidade infantil?
Precisamos tentar ser pessoas melhores. Fazer alguma coisa contra as pequenas violências cotidianas. É daí que surgem as grandes barbáries. “Ou se restaure a moralidade ou nos locupletemos todos”, não sei o que se quis dizer com “locupletemos” mas coisa boa não é.
As pessoas cospem no chão e nos amigos. E cospem para cima. Cultivam o ódio e o lixo e suas mentes sujas.
O “espíritodeporquisse” é uma realidade de países de terceiro mundo. É verdade. No “1°” mundo as pessoas são tão limpas que lavam a mão logo depois de apertar a mão de qualquer pessoa. Morrem de medo de que seus corpos e almas sejam invadidos por bactérias ou emoções humanas. Claro que isso não é uma regra geral.

Mas voltando à relevância das ações humanas, no caso, do não-recolhimento do cocô do poodle. Sabe o efeito borboleta, aquele do filme, baseado na teoria do Caos e blá blá blá? Pois é, um simples cocôzinho na calçada pode fazer estragos.
Um exemplo: Um cara poderia pisar na meleca, escorregar, cair no meio da rua e ser atropelado por um elefante que fugiu do zoológico.
Ou pior: O mesmo cara poderia pisar na meleca, não ver e ir se encontrar com a menina dos seus sonhos, que lhe daria um pé na bunda pelo cheirinho desagradável. Talvez ele não estivesse perdendo muito, já que a menina é muito fresca por se importar com uma coisa tão pequena. Mesmo assim.
Ou pior ainda: A menina fresca poderia ser eu, e daí eu perderia a chance de conhecer o grande amor da minha vida. Aff!! Olha quanto estrago a atividade saudável de um poodle feliz poderia causar...

Em tempo, me lembrei agora de um fato engraçado: Meses atrás minha tia Suely levou a Mel, sua poodle pelada de pompom no rabo, para passear. No meio do caminho deu dor de barriga na Mel. O que ela fez? Não esperou chegar a um banheiro canino, é claro. Minha tia, cidadã correta e limpinha, pegou uma pá de dentro da sacola e recolheu o cocô num saquinho de lixo. Uma senhora vinha passando e se dirigiu a ela para parabenizá-la. Disse que havia ficado até emocionada com o que tinha presenciado.
Quando eu soube, imaginei minha tia com uma estrelinha grudada na testa e uma medalhinha de honra ao mérito.

sexta-feira, setembro 22, 2006

“Hoje eu acordei numa casa diferente, num quarto diferente, sem nenhuma muleta, sem nenhuma maquiagem, meus amigos estão ocupados, meus pais não podem sofrer por mim. Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coracão, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.”
Tati Bernardi