segunda-feira, setembro 24, 2007

“... Um homem com uma dor é muito mais elegante...”

Já sentiu uma dor que você não consegue identificar onde é? Uma dor só, que toma conta do corpo inteiro, como se fosse uma grande massa amorfa? Você não caiu, não bateu o mindinho na quina da parede, ninguém morreu. E não, você não está apaixonado. Ninguém morreu... morte... acho que é isso... estar vivo dói. Mas você não se mata por isso. Você não tem tendências suicidas. E não é que você queira morrer, é só que você quer ver onde é que essa sua dor quer chegar. Se ela passa ou se ela se define, se ela cria sentido.
Sua dor é egoísta. Ela não toma as dores do mundo para si. É solitária por natureza. Apenas dói. E ao mesmo tempo, sua dor traz prazer. O grande masoquismo da alma, que gosta de doer pra achar que é uma alma profunda. Alguns chamam a isso depressão. Eu não diria. A dor que te acompanha não te faz ficar prostrado na cama, sem comer, sem trabalhar, sem tomar banho. E sem sorrir. Acorda, pula da cama, Bom dia Sol, grandes gargalhadas. E no primeiro espelho que surge em seu caminho você dá de cara com ela, a sua dor. Não, também não é a dor da feiúra. Você até que acha que dá pro gasto. A dor tá no fundo dos olhos, e você nem colocou seus óculos ainda. Daí você encontra uma pessoa legal pelo caminho, e a dor se esconde atrás do seu joelho. Pra depois pular em seus ombros na próxima esquina, causando um peso desgramado. E logo mais, se afogar no copo de suco de clorofila com morango que você toma jurando que é uma pessoa natureba, depois de todos os litros de coca da semana.
E assim corre o dia.
Acho que essas são as regras. A gente tem que matar um pouquinho da dor todos os dias. Como naqueles joguinhos de celular. Você mata os monstrinhos e na fase seguinte estão eles lá de novo. Com a mesma cara, só que multiplicados. Cada fase é mais difícil que a outra, sendo que na fase 1 da vida, a gente chora porque tá cagado. E tem gente que fica cagado pro resto da vida. Mas a gente tá falando de outro tipo de dor.
Você torce pra pular todas as etapas, cheio de ansiedade, O que será que tem no final?
100057 pontos. Parabéns! Você é o novo recordista!

Diálogo preliminar

Ela: - Não me beije ainda.
Ele: - Ainda?
Ela: - É. Preciso de preliminares verbais.
Ele: - (risos)
Ela: - Você não é bom nisso?
Ele: - Claro! Começo pela direita ou pela esquerda?

segunda-feira, agosto 27, 2007

3 irmãos de sangue


“A vida é uma só. Ela é valiosa. O tempo é muito valioso. E nós devemos fazer da vida e do tempo o que melhor nós pudermos, todos os dias”. Essa, para mim, é a fala mais marcante do fundador da Ação da cidadania contra a fome, a miséria e pela vida, no documentário “Três irmãos de sangue”.
Herbert de Souza, o Betinho, Henrique Filho, o Henfil, e Chico Mário. Três personalidades incríveis, que mesmo marcados pelo azar (ou chame cada um como quiser) da doença, ou talvez por isso mesmo, “viveram”, no mais forte significado da palavra. Para si, e para o mundo. Se destacaram na sociologia, no humor e na música, lutando pelos direitos humanos e provando, por diversas vezes, o seu amor pelo Brasil. Com sensibilidade, otimismo, coragem e um grande ideal de liberdade e democracia.
Sabiam, mais do que a maioria de nós, que a morte era certa. Por isso, nem ligavam pra ela. Viviam um dia de cada vez, felizes e intensos.
“Nós devemos fazer da vida e do tempo o que de melhor nós pudermos”.
Saber a gente sabe, mas agir...

quinta-feira, agosto 23, 2007

Espinhos guardados

Ela se joga no sofá. Teve um dia cheio. Os pés inchados se libertam do sapatinho assassino, que só serve pra esmagar seus dedos. Pra que inventaram os sapatos? pra privar os pés da sensação do contato com o chão gelado. Livrá-lo das bactérias e sujeiras. Dos espinhos e pedras. Mas por que não inventaram alguma coisa parecida com isso para protegê-la dos espinhos e pedras da vida? Seria muito, mas muito mais útil.
Peeeem!!! Essa é sua campainha. Visitas não são bem vindas. Quanto mais quando se antecedem de um barulho infernal como esse. Acorda do seu estado letárgico em devaneios:
- É ele! É ele! É ele!
prhhrh...(barulho da porta se abrindo)
- Entrega para a senhora.
- Senhorita.
Um cactus. Visivelmente raro, mas visivelmente um cactus.
Junto, uma espécie de cartão postal. Sem especificações de cidade nem nada. A foto de um deserto. Simplesmente deserto. Lugares áridos são lugares áridos: simplesmente iguais.
E atrás do cartão, letras seguras e independentes:
"Não preciso de água, nem de exposição ao sol. Mas não me esqueça num canto qualquer da sua memória."
Espeta seu dedo. Como se machuca fácil.

terça-feira, agosto 14, 2007

Cyrano de Bergerac


Ele tem buracos na cara. Marcas de espinhas. Um nariz bem redondo e bem grande, de batata mesmo. Boca entortada pra baixo e olhos de gente ruim. Ele causa repugnância.
Ele tá sentado, no bar, sozinho. Olha muito pra baixo. Ele bebe cerveja.
Olha obsessivamente para a moça ao lado.
Ela está entediada, mas finge sorrir.
Ela sobe as escadas. Senta-se num pufe, tem um espelho na frente.
Ele sobe também. Passa por ela.
Depois volta. E diz, com voz de locutor de rádio:
“Eu não queria te cantar. Longe de mim. Você tem uma poesia tão linda no seu rosto. Não deixe ela se perder. Não deixe.”
Vira-se e vai embora.
E por um instante, ela se lembra de Cyrano de Bergerac.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Minha mãe


“Pode contar comigo pra qualquer coisa. Aconteceu alguma coisa? Pode me contar. Você tá com algum problema?” Essa minha mãe é maluca mesmo. Ela diz isso com a certeza de que eu nunca diria algo do tipo tô grávida ou matei alguém. Se fosse algo assim, claro que ela me apoiaria também, não sem antes encher meu saco e brigar daquele jeito tão irritante e insuportavelmente repetitivo, que mais parece um disco furado. (Parece até quando eu era criança e ela falava: pode sair do banheiro, eu não vou te bater não. E quando saia, era chinelada, Rider, na certa.) Mas agora ela sempre diz isso esperando que eu finalmente me abra e diga que estou apaixonada e sofrendo de amores, ou que seja mais uma das minhas crises existenciais, que eu não sei se ela sabe, mas eu só tenho perto dela. Porque sei que ela é a única capaz de realmente se preocupar comigo. Mãe é a única pessoa capaz de deixar suas coisas pessoais de lado pra nos dar atenção. Só ela é capaz de detectar a quilômetros quando não estou bem. O que seria de mim sem ela? Pai, me desculpe, mas a minha mãe é a pessoa que eu mais amo no mundo.
Ela tem muitas peculiaridades. Me sinto a mais sortuda do mundo por ser filha dela, e não de uma de minhas tias, ou de qualquer outra mãe que eu conheço. De ser filha da ovelha negra da família, aquela da qual as gargalhadas escandalosas causavam vergonha nas outras. Aquela que come deitada no sofá. Que come com as mãos enquanto os talheres ficam encostados no prato. Que parece índio, andando pelado por aí. Que parece criança. Que belisca besteiras o tempo inteiro, enquanto as outras irmãs tem hora pra tudo, cardápio adequado e lugar certo pra cada verdura e legume no prato. “Dina é fomenta.” Dizia minha avó com seu sotaque nipoenrolado.
Minha mãe já fez meditação com uns mantras muito esquisitos, tomou chazinho de colgumelo no Santo D’aime e quase morreu, praticou seicho-no-ie, mexeu com rosa-cruz, umbanda, pai de santo, quase morreu de novo e jura de pés juntos que foi obra de macumbaria. De repente, virou crente. Ela não quer que a gente fique espalhando isso por aí, mas a verdade é que agora ela vai orar em alguma igreja todo dia. Parece até que tá de rolo com um pastor. E sua frase preferida agora é: “Sangue de Jesus tem poder”. Ela já me fez rir muito, na verdade somos companheiras de crises de risos. Morro de rir quando tento ensiná-la a usar o celular e ela sempre diz que eu não tenho paciência pra explicar, e agora morro de rir, e ela também, das suas tentativas frustradas e hilariantes de fazer orações, com todo o barulho que o evangélico tem direito.
Ela já colocou silicone nos peitos, já fez massagens e mais massagens redutoras pra depois encher a cara de doces, já fez bronzeado artificial só com fita crepe grudada no corpo, já foi passear na moto BMW de um cara que conheceu num bar. Nunca foi muito de seguir convenções e obrigações sociais, nem de fazer nada que não estivesse com vontade, só por educação. E isso eu acabei aprendendo um pouco com ela. Mas sempre foi muito querida por todos, e nunca foi de deixar a peteca cair. Com uma força sobrenatural, e uma ajuda oculta, vinda sei lá de onde, sempre conseguiu resolver seus problemas com bom humor.
Entre as minhas melhores lembranças de infância, estão o barulho do carro dela chegando na garagem, que eu reconhecia de longe, na hora da novela das 6. A roupa branquinha, o cheiro característico de material odontológico. Cheiro de mãe. A bolsa sempre cheia de balinhas e chocolates ganhados dos pacientes. E a minha mais antiga lembrança: ela entrando pelo portão de casa com uma bandeja de iogurte nas mãos. Chambinho vermelho e verde. Juro que lembro disso, eu devia ter 1 ano e fiquei muito feliz. Lembro de caber certinho no vão da estante amarela do consultório. Lembro também das surras duplas que eu levava quando ia brincar de lutinha com o Marquinho, meu irmão mais velho, em cima da cama dela. Apanhava dele, e depois dela. E chorava, chorava, chorava. Como eu era chorona.
Me lembro do dia em que ela se escondeu debaixo da cama pra me dar um susto, sendo que ela morre de dor nas costas, e do dia em que, com mais ou menos 10 anos, perguntei pra ela o que era orgasmo. E ela, tentando ser o mais natural e aberta possível, quase encenou um na minha frente. É que eu tinha visto um depoimento na capa de uma revista: “Descobri o que era orgasmo aos 60 anos”. Eu descobri aos 10, muito assustada. Se dependesse daquilo, nunca iria querer ter um. Quase morri de constrangimento. Então tá, né! Orgasmo então é como um ataque epilético... ahn...
1 metro e meio de gostosura pura, minha mãe nunca foi de academia, morre de preguiça de fazer exercício, mas sempre fez ginástica pra papada e uns estralos na coluna muito engraçados. Uma peça a Dra. Alcedina, uma pessoa e tanto. Que serve até de psicóloga de vez em quando. Coitada, tem gente que acha que seu ouvido é pinico, liga e fica horas despejando os problemas em cima dela. Porque sabem que ela sempre tem as palavras certas, o jeito certo, o tom de voz mais gostoso.
E por mais que eu saiba o quanto eu preciso ser independente, é muito bom saber que alguém me ama tão incondicionalmente e que vai estar sempre ao meu lado. E por enquanto, vou aproveitando a incrível sensação de proteção e a ótima companhia da minha mãe. Sinto muito, mas jogaram a fôrma fora. Mãe igual à minha só tem uma.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Osho


"Não há nenhum caminho, nenhum lugar para se ir,
nenhum conselheiro, nenhum professor, nenhum mestre.
Parece difícil, parece áspero, mas estou fazendo isso porque amo vocês e
as pessoas que não fizeram isso, não amaram vocês de jeito algum.
Eles amaram a eles mesmos e amaram ter uma grande multidão ao redor deles
– quanto maior a multidão, mais eles se sentiam nutridos em seus egos.
Eis porque chamei à própria iluminação de o último jogo.
Quanto mais cedo você abandoná-lo, melhor.
Porque não apenas simplesmente ser?
Porque desnecessariamente correr pra cá e pra lá?
Você é o que a existência quer que você seja.
Então relaxe."
Osho

segunda-feira, julho 23, 2007

Eutanásia do coração

Se algo já está praticamente morto, por que não desligar os aparelhos?

Tudo num quase Criado-mudo ou Criado-mudo por acaso

O meu criado-mudo não é um criado-mudo. E isso não porque ele fala. Quer dizer, até que ele diz muito sobre mim. Ele não é um criado-mudo porque é uma mesa de madeira, dessas dobráveis. Foi parar no meu quarto na época da monografia, por falta de uma escrivaninha decente, e nunca mais saiu de lá. Como mudei o tema da bendita mono umas três vezes, (inclusive, no princípio nem monografia era, e sim projeto experimental) livros, cópias de artigos e revistas sobre tudo o que se possa pensar começaram a se acumular, até quase atingir o teto. E era ótimo ver aquela montanha de papéis na minha frente e ir mudando de foco de 10 em 10 minutos. Isso, ou é conseqüência do signo de gêmeos* ou eu tenho uma puta dificuldade de concentração (qual é mesmo o nome disso?). O tempo foi passando, finalmente consegui parar num tema por puro desespero, e em dois meses, fiz uma monografia muito viajada, e por isso superficial. Mas fui aprovada.
Depois disso, me acostumei àquele novo componente do meu quarto. Os papéis foram ficando, a mesa foi ficando e acabou virando criado-mudo. Todos os dias, antes de dormir, afasto um pouquinho a bagunça pra colocar meu copinho de água (sem ele eu não durmo) e meu celular.
Lá agora tem de um tudo. Virou mesmo um abarrotado de coisas, o que me faz sentir como uma daquelas pessoas loucas que vi no Fantástico, que não conseguem jogar nada fora e vivem no meio de um monte de tralhas, sem nem conseguir andar direito pela casa.
O meu mal-criado-mudo tem as minhas revistas femininas bobas mas úteis, revistas sobre viagens, revistas que li e gostei, revistas que não gostei mas acabaram ficando perdidas por lá, alguns livros que eu nunca vou ler, um secador de cabelos, uma chapinha, caixas de cd vazias, comprovantes de débito (Como eu tenho gastado em porcarias...),caderninho e canetas, e às vezes, até roupas aparecem por lá.
Desorganizada eu? Imagina... A verdade é que eu me encontro no meio da minha bagunça e não há nada que a minha mãe e as minhas tias mal-comidas digam que me façam ser uma “mocinha” que tem lugar e regra pra tudo. Elas sempre dizem: “Que coisa feia, moça tem que ter um quarto arrumadinho...” Pra mim, não há nada mais prático do que ter quase tudo o que eu preciso espalhado numa mesa, ao meu alcance em segundos. Não tenho paciência pra guardar cada coisa numa gavetinha especial, com etiquetinhas cor-de-rosa. Muito menos de procurar as coisas em gavetinhas especiais. Não se enganem: gavetas não foram feitas pra facilitar a vida da gente.
Não concordam? Tudo bem! Mas eu garanto que meu quarto é cheiroso e limpinho, apesar da desordem.


*Geminianos: Inconstantes, detestam rotina, mudam de idéia a cada 5 segundos, e ainda têm múltipla personalidade. Ah, e são infiéis. Cuidado!

quarta-feira, julho 11, 2007

Coisas a fazer antes de morrer

1. Amar o máximo de pessoas e coisas possíveis;
2. Morar por algum tempo (pouco ou muito) numa comunidade alternativa, com pessoas místicas e espiritualizadas, que não pensem que o fim da vida é ser um assalariado que leva a família pra passar as férias na Disney;
3. Adotar uma criança;
4. Ir a muitas rodas de samba;
5. Fazer algumas tatuagens;
6. Escrever e produzir uma peça de teatro;
7. Escrever sobre os meus pais;
8. Comprar um loft ou uma casa com o mínimo de paredes e decorá-la da maneira mais louca possível;
9. Assistir várias vezes aos filmes que mais me emocionaram;
10. Ter um namorado bem mais velho;
11. Ter um namorado bem mais novo;
12. Visitar a Índia, o Nepal, a Tailândia e a selva amazônica;
13. Virar líder religiosa;
14. Escrever um livro erótico;
15. Ouvir milhões de vezes as músicas que me fazem encher os olhos de água e as que me fazem quase estourar de euforia;
16. Fazer um cara chorar por mim;
17. Viver um grande amor;
18. Dizer “Fodam-se” e realmente não me preocupar com o que os outros pensam.

segunda-feira, julho 09, 2007

Fantasmagórica

...E se eu ainda tivesse mais alma pra dar...

quinta-feira, junho 14, 2007

Horas

Helô acordou às 2h 13min da madrugada. Estava no meio de um sonho em que era devorada por um pit bull cheio de dentes espumantes. Ainda meio dormindo, escutou um grunhido estranho. Olhou para o lado e viu um homem de olhos semi-fechados e baba escorrendo pela boca. Ficou tão assustada que caiu da cama.
Helô se levantou às 2h 17min do chão. Havia dormido de novo quando caiu. Lembrou-se do homem esquisito em sua cama. “Era só um pesadelo”, pensou. Ao apertar os olhos, viu uma coisa enrolada em cobertas tomando conta de quase toda a cama. “Ah! É o Zé, meu marido...”.
Uma sensação de estranhamento a invadiu. Ela sabia que era casada, conhecia bem aquele rosto amassado deformando seu travesseiro. Mas parecia fazer tanto tempo...Sentiu como se não o visse há anos. No entanto, chamando pela razão e a memória, sabia que havia passado as últimas horas do dia anterior com ele. Haviam jantado um prato qualquer do China in Box, nem se lembrava o que, mas tinha muita cebola, seu hálito não a enganava.
Às vezes isso também acontece comigo. Acordo de repente no meio da noite ou mesmo de manhã e parece que sou outra pessoa. Tudo me parece estranho e me pergunto: “O que estou fazendo aqui?” Aos poucos, o mundo vai se tornando familiar de novo. Mas um pouco de você sempre se perde. Pode ser aquela dúvida cruel que misteriosamente se transforma numa decisão inquestionável, ou aquele amor louco que, do nada, perde o sentido. Aquele... que te fazia perder a cabeça, que espremia o seu cérebro o dia inteiro fazendo você só fazer merda... “É, merda na cabeça, é isso que você tinha” e esse é o seu novo pensamento.
Deve ser verdade que nossas almas saem dos corpos quando dormimos. Viajam... Aprendem coisas novas... Descobrem-se independentes. Entram em contato com o que foram em vidas passadas e um pouco do que serão em vidas futuras. Por isso mudamos alguma coisa em nós quando dormimos. Pode ser até a fisionomia. Não estou falando de ruguinhas que aparecem da noite pro dia. Mas um nariz mais comprido, olhos maiores...
Futuro! É nisso que pensa Helô, na frente da geladeira. Já tem 7min que ela procura, procura, mas nem sabe o que está procurando... Será que um vidro de maionese pode deixar sua vida mais leve? Não, maionese tem muitas calorias e é ruim pro coração... De repente, Helô acha que seu coração parou. Arregala os olhos e começa a procurar o pulso... Não encontra.
“Helô ô!!! Volta pra cama! Que cê ta fazendo, beim?” Esse “beim” já tá tão desgastado, que se ele a chamasse de “ow” era mais emocionante.
Helô senta-se no sofá às 3h 24min. Só na pontinha, como se nem fosse seu, o sofá. Olha para os porta-retratos na mesinha... Tem dois filhos: Du e Ju. Estão na colônia de férias agora. Helô não sente saudades. Nem se sente culpada por isso. “Fui eu mesma que pari?”.
Helô, às 4h 24min, ainda sentada no sofá, decide que vai embora! Pronto! Está decidida! Vai declarar sua paixão por Jão, o borracheiro. Vai rodar o mundo com ele! Vai virar aeromoça! Não, trapezista de circo! Não! Stripper!!!
Helô acorda no sofá às 6h. Arrasta-se até a cama. -“Tá frio! Me dá um pedaço do cobertor!” diz para o Zé.

segunda-feira, abril 30, 2007

Pesquisando o comportamento sexual masculino

L - 25 anos - namorando

1 - O que te leva a mentir para uma mulher?
Não gosto de mentir. Se falo mentira são mentirinhas pequenas. Talvez pra manter o relacionamento bem, tipo, se fui numa balada que ela não queria, coisa pequena.

2 - Quando você dá uma escapadinha, existem motivos específicos para isso? Sente o quê depois? Remorso? Orgulho? Ou medo do troco?
Não existem motivos especificos para uma escapadinha. Dependendo da situação rola remorso. Orgulho não. Medo do troco talvez, se sentir que ela desconfiou.

3 - O que você acha da infidelidade feminina? Vingança? Busca por direitos iguais? Ou a carne é fraca?
Algumas podem fazer por vingança se se sentirem traídas, mas acredito que hoje com as mulheres ganhando direitos iguais aos homens elas tambem estao chifrando por vontade mesmo, nada de vinganca.

4 - Você já sofreu por uma mulher? Conte um pouco da experiência.
Já....

5 - Qual a mulher ideal? Ela se aproxima mais da Amélia, do furacão sexual, da fresquinha de rosa ou da Marília Gabriela? Por quê?
Não tenho mulher ideal. Gosto de todas, só não vou com a cara de patricinhas muito metidas, geralmente sao inseguras, egoístas e muito competitivas.
Quando o negócio é só sexo as gostosas são sempre bem vindas e quanto mais safada melhor.
Pra namorar gosto de mulheres com jeito de menina, espontâneas, divertidas e principalmente transparentes.

6 - O que você acha que as mulheres procuram num homem?
Acho que depende da mulhe. O que eu sei e acredito que a maioria dos homens concorda é que elas são atraidas por status. Não que sejam interesseiras(apesar de algumas serem só isso), mas o status atrái muita mulher, seja na forma de dinheiro, beleza, riqueza,a auto-confiança.

7 - Quando está afim de alguém, parte logo para o ataque ou prepara o terreno antes?
Parto logo pro ataque

8 - Defina o que você considera ser a mulher moderna de hoje.
Acho que elas estão indo atrás do que querem, estão menos dependentes dos homens. Espero que sejam maduras com conciencia, elas tem muito a ensinar para os homens, agora que estao ganhando cada vez mais espaco e direitos, espero que tragam mais equilibrio pra sociedade machista, sendo mais integras, e nao cometam os mesmos erros que os homens cometeram por muito tempo.

9 - O que você costuma dizer para conquistar uma mulher na primeira vez em que saem juntos?
Nao tem nada específico pra se dizer, elogios sinceros geralmente caem bem. “nossa, como você é linda!”. Ah nao ser que a bola dela já esteja muito alta, porque aí não rola elogiar muito, outras coisas, até uma gozaçaozinha cai melhor nesse caso. Fazer ela rir também é excelente

10 - Você tem alguma estratégia de sedução que virou sua marca registrada? (Exs.: um olhar 43, rosas colombianas...)
Nao que eu saiba

11 - Complete a frase: Todas as mulheres...
Todas as mulheres tem vagina...
brincadeira... Todas as mulheres tem potencial para serem grandes pessoas e nos ensinar muito




A - 23 anos - namorando


“...Quero deixar claro que todas as respostas se referem a mim, a coisas que eu faria nas situações das perguntas. Não tenho muita certeza se os meus pensamentos são como o 'pensamento padrão dos homens'...”
Então vamos lá.

1 - O que te faz ficar muito interessado por uma mulher que acabou de conhecer? Que tipo de conversa ou atitude?
Várias coisas podem levar ao interesse por uma mulher. Pode ser o jeito de se comportar (quando falo isso, me refiro aos menores detalhes: o jeito de sentar ou de cruzar a perna me atrai). Não gosto de mulheres que provocam, do tipo que usam baton vermelho, meia arrastão, unhas compridas e salto alto. Gosto mais do jeito menininha, meiguinha. Bom humor também é fundamental. Impossível ficar perto de uma reclamona por mais de cinco minutos. A conversa não precisa ser necessariamente sobre
as coisas que eu gosto, mas coisas boas de se conversar. É claro que também não pode ser feia. Mas, para eu querer beija-la, não precisa ser linda. Mulheres lindas demais, às vezes, até intimidam. E ai nem vou conversar.


2 - Quando você sai com uma mulher, diz que vai ligar depois mesmo que a intenção seja de nunca mais vê-la?
Sou sincero. Quando falo que vou ligar, eu ligo. Quando não falo nada, é porque não sei.

3 - Relacionamentos abertos são possíveis? Como funciona um relacionamento aberto pra você?
Sempre quis saber o que o orkut define como um 'relacionamento aberto' (foi lá no orkut que li isso pela primeira vez). Mas se forem os tais 'amigos coloridos', maravilha! Muito melhor ficar com alguém que já conhece do que com alguém que acaba de conhecer. Mas a cabeça dos dois tem que ser muito boa. Poucos são tão evoluídos para fazerem amorzinho numa noite e, no outro dia, se encontrarem como se nada tivesse acontecido.

4 - Quando um homem está apaixonado ou muito afim de uma mulher, pensa nela o tempo inteiro?
Eu penso. Eu quero que o telefone toque. Eu fico me perguntando se fiz alguma coisa de errado. Eu quero que ela esteja aqui, agora.

5 - Homens têm mesmo a dificuldade de demonstrar o que sentem?
O que acontece comigo é a falta de confiança da mulher. Quando digo para a minha namorada 'eu te amo', ela não acredita, fica desconfiada. Para mim, mostrar o que sente é isso, falar. Se não sentisse isso, não falaria nada. Mas as mulheres não querem só ouvir isso; querem provas, querem mensagens no celular de madrugada, querem chocolates na tpm, querem cartinhas de amor todos os dias. Isso nenhum homem no mundo consegue fazer.

6 - Homens têm medo de sofrer?
Não tenho medo. Nunca me imaginei com uma esposa e filhos. A idéia de passar o resto da minha vida com alguém é aterrorizante. Pensei que todo mundo fosse assim. Descobri que não quando falei dos meus planos para o futuro numa roda de amigos e só ouvi o silêncio como resposta.

7 - O que te agrada e o que te irrita no mundo feminino?
Complicado de responder mas, em geral, gosto de pensar que há menos maldade e menos preconceito no mundo feminino.

8 - Olhar perdido e pensamento distante têm explicação?
Se olhar perdido e pensamento distante vierem junto com falta de assunto, das duas uma: vontade de dormir ou vontade de fugir.

9 - Gostaria da idéia de ser “apenas” um objeto sexual?
Se eu gostar da menina que está me fazendo de objeto, deve ser uma coisa horrível. Se for só por diversão é até legal.

10 - Você tem algum fetiche? Qual?
Não. Gosto das coisas simples. Não sou muito "erótico".

11 - Você perdoaria uma traição?
Não ficaria inimigo da pessoa mas ela deixaria de ser minha namorada.

12 - O que te leva a mentir para uma mulher?
A pressão que ela faz. Se eu sei que, se falar alguma coisa, ela vai brigar, prefiro não falar. Ou mentir.

13 - Quando você dá uma escapadinha, existem motivos específicos para isso?
Sente o quê depois? Remorso? Orgulho? Ou medo do troco?
Escapadinha? Eu?! Nunca fiz isso! ;P

14 - O que você acha da infidelidade feminina? Vingança? Busca por direitos
iguais? Ou a carne é fraca?
Acho a infidelidade uma falta de inteligência. Depois da traição devem aparecer um monte de dúvidas na cabeça que poderiam ser evitadas.


15 - Você já sofreu por uma mulher? Conte um pouco da experiência.
Só quando era mais novo. Aquela coisa de pensar que tivesse achado a mulher da minha vida com 14 anos. Com o tempo, a experiência e a cabeça no lugar se vê que tem muita gente melhor do que qualquer um no mundo, a diferença está no momento. Hoje sigo essa linha de pensamento, nem me importo quando uma vai. Outra melhor virá.

16 - Qual a mulher ideal? Ela se aproxima mais da Amélia, do furacão
sexual, da fresquinha de rosa ou da Marília Gabriela? Por quê?
Não sei... Tem o dia que estou carente, que quero carinho; tem os dias que quero uma amiga para ir me ajudar a escolher roupa; tem o dia que quero só fazer sexo; tem o dia que quero ficar sozinho.

17 - O que você acha que as mulheres procuram num homem?
Elas procuram alguém que as protejam e as façam rir. Alguém seguro, com personalidade (forte e compatível com a dela). De inseguro, já bastam elas.


18 - Quando está afim de alguém, parte logo para o ataque ou prepara o
terreno antes?
Preparo o terreno antes, sempre.

19 - Defina o que você considera ser a mulher moderna de hoje.
Mulher moderna é aquela que não é dependente de nenhum homem. Aquela que corre atrás do que quer, que não espera ganhar tudo fácil. Que não se abala com um amor perdido e que sabe que o mundo é um lugar complicado pra se viver.

20 - O que você costuma dizer para conquistar uma mulher na primeira vez em
que saem juntos?
Nada de especial. Falo sobre os assuntos que vão surgindo. Não sou de fazer elogios a ninguém. Se ela gostar de mim e eu dela, somos conquistados um pelo outro. Se não, outras aparecerão.

21 - Você tem alguma estratégia de sedução que virou sua marca registrada?
(Exs.: um olhar 43, rosas colombianas...)
Não.

22 - Complete a frase: Todas as mulheres...
Todas as mulheres deveriam ser mais seguras e mais independentes.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Odeio esse texto

Encontrei o cara perfeito. Feito pra mim. Quer dizer, tudo a ver comigo e com o que eu pensava que procurava. Ele tem as mesmas opiniões que eu. Os mesmos interesses e gostos. Medita e acha legal o papo todo do budismo, gosta de falar sobre assuntos abstratos e ocultos, adora Tom Jobim e companhia, tem mil cds de bossa nova, e além disso, toca Tom Jobim e companhia, inclusive Chega de saudade. E olha pra mim como se eu fosse a pessoa mais inteligente e bonita do mundo, afinal eu disse uma frase que ele tinha dito minutos atrás para seus amigos. Como somos tão parecidos? Poderíamos ficar horas filosofando e falando sobre as coisas malucas que eu costumo dizer, e tenho que me controlar pra não chocar certas pessoas. Pra completar, ele é bonitinho e mora sozinho. Pareceria ter sido mandado pelos céus, se não fosse um detalhe que insiste em ser a coisa mais importante para mim: não tem graça. Ele não brilha quando fala. Seu sorriso não tem nada demais e ele não arranca nenhum sorriso de mim. E não adianta, mesmo que a minha parte racional que sempre fala alto diga que desperdiço possíveis homens da minha vida demais, não consigo ficar com um cara que não me dá tesão. E pra me dar tesão, o cara tem que ter tesão pela vida, além de um respeito danado e um jeito especial de me tratar, juntando apetite e doçura. Lógico que mulher gosta de se sentir carne também. E um cara interessante sabe mostrar isso de um jeito suave.
Preciso de homens felizes, a felicidade me atrai. Não estou falando de caras patetas e tolos demais pra dizer alguma coisa gentil, com piadas grosseiras demais pra agradar qualquer mulher que se ame. Freqüentemente morro de rir das asneiras que ouço de certos caras, mas o que mexe um pouco comigo são as besteirinhas direcionadas especificamente e especialmente para mim. A graça não está somente no conteúdo do que dizem, tampouco em cantadas manjadas. A graça está no olhar de safado que só você percebe, no sorrisinho de canto de boca ou mesmo na grande gargalhada cheia de charme. Naquele sorriso terno, morrendo de vontade de conquistar a vida. No jeito de fazer com que qualquer frase boba seja a coisa mais gostosa de ser ouvida. Tudo com bastante inteligência, emocional principalmente.
Não gosto de homens sombrios e deprimidos. Homem serve é pra me divertir, pra me deixar melhor. Do contrário, pra quê que eu vou querer um? Fico sozinha mesmo, curtindo as minhas próprias melancolias. É claro que o inverso também é verdadeiro: eu não tenho a mínima vocação pra ficar enchendo saco de homem com chatices. Se eu estiver com alguém de quem eu goste, quero mais é deixá-lo feliz.
Uma vez num bar, eu e minhas amigas ficamos prestando atenção num casal que estava com cara de quem comeu e não gostou. Elaboramos teorias de problemas pelos quais eles estavam passando, confesso, super preocupadas com a vida alheia. Mas era muito estranho, cada um com a cara pior que a do outro, como se tivessem brigado, sentados frente a frente, mas sem se olharem, simplesmente calados. Depois de muito tempo o cara abriu a boca. Pra pedir a conta pro garçom. E sem nem pedir a opinião da mulher. Depois se levantaram, e foram embora, veja só, de “mãos dadas”. Tudo bem, pode ser que sejam felizes do jeito deles, mas eu duvido. Pra mim são dois infelizes, unidos por alguma força “estranha”, que todos os dias se remoem pelas burradas do passado e não têm coragem pra mudar aquilo. Ô vidinha...

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Resgate


Não venha me dizer que eu compro demais, que eu estou endividada, que eu tenho dezenas de pares de sapatos e só dois pés. As minhas dívidas são maiores do que você pensa. As minhas dívidas são com o além. Dívidas por não ter me dado o bastante pra vida. A vida só se dá pra quem se deu, como o Vinícius disse. Adquiro bens que me valem uma vida, uma outra vida, bem longe daqui. Parcelo em 100 anos. Acho que vou morrer antes disso. E tenho um medo desgramado de morrer sem nunca ter tido um graande amor. Dane-se. E a minha missão, será que existe alguma? Já tenho o peso nas costas por nunca perceber na hora certa que eu devia ter ajudado alguém. É sempre depois, quando esse alguém já sumiu desse sonho, ou desse pesadelo. É, eu vivo na sociedade de consumo. Consumo “porquês”, consumo olhares tão raros nesses dias, consumo as contas a pagar por todos os tempos perdidos do mundo. Cultura do desperdício... Deixe-me ficar mais. A intensidade do sonho é o que vale. A loucura de se transformar num ser humano. “Esqueci de te dizer que além do medo, havia o mundo”. O importante é não se perder em razões inúteis de seres que seguem regras e religiões. Siga apenas vivendo... porque o amanhã... O amanhã não existe mais. Não importa. Explore os limites de seu corpo e alma. Não existe a política, não existe a sujeira, não existe a morte. Aliás, enfiei na cabeça que estou pra morrer, mas ninguém acredita em mim. Então acho que isso significa que estou renascendo. Acho que vou começar a levitar. Não, não estou drogada. Até já experimentei aquela merda e é a coisa mais fedida que existe. Não senti nada além de uma dor de cabeça que ameaçou explodir os meus miolos.
Vou levitar porque algum poder extraterrestre eu devo ter. Eu não sou daqui não. Tá bom... pode dizer que eu sou louca. Já me explicaram que todo mundo é. Ser louco é que é normal...